Casarão do Chá

Cultura e Turismo

O Casarão do Chá foi construído pelo mestre-carpinteiro japonês Kazuo Hanaoka, no ano de 1942, para ser uma fábrica de chá. A edificação do casarão se fez necessária graças à bem sucedida produção de chá naquela área, que já vinha desde a década de 20.

A área pertencia originalmente à Fukashi Furihata, engenheiro agrônomo enviado a Mogi das Cruzes pela Sociedade Katakura, que adquiriu 150 alqueires de terras no Cocuera entre 1924 e 1925. Até a década de 30 a propriedade no Cocuera era mais conhecida pela produção de frutas e hortaliças. Depois disso, o cultivo e beneficiamento de chá preto e verde tornaram-se as principais atividades da fazenda.

Com a II Guerra Mundial, a exportação do chá proveniente da Índia foi interrompida e isso beneficiou os negócios da fazenda, que já havia ganhado um estabelecimento fabril, denominado Fábrica de Chá Tokio. Com a expansão da produção na fazenda, o estabelecimento fabril ficou pequeno e foi providenciada a construção do Casarão do Chá. A produção, entretanto, não durou muito. Após a II Guerra e a recuperação dos tradicionais fornecedores, a manutenção da fazenda ficou inviável. No final dos anos 40 ela passou a ser arrendada, depois foi subdividida em unidades menores e, na década seguinte, foi vendida. A família Namie foi arrendatária da área a partir de 1947 e depois assumiu a propriedade da mesma. A produção do chá a princípio foi mantida, porém a atividade foi oficialmente abandonada em 1968.

Após o abandono dessa cultura, o Casarão do Chá passou a servir como depósito de produtos agrícolas, veículos e equipamentos da propriedade, utilização inadequada que provocou a rápida deterioração do edifício.

Projeto e Arquitetura

O projeto do Casarão, elaborado por Kazuo Hanaoka, seguia um programa de uso estabelecido por Furihata, em benefício à produção do chá, mas uniu aspectos de ordem funcional ao sistema construtivo tradicional da arquitetura japonesa. Hanaoka projetou e ele mesmo construiu o Casarão. O edifício estava pronto em setembro de 1942.

Não foram usados pregos ou parafusos na construção, só encaixes de madeira (tradicional técnica japonesa usada por causa dos constantes terremotos). As vigas são de madeira in natura, e em cada encaixe há um signo em kandi (ideogramas). A cobertura é a tradicional irimoya (telhado côncavo, voltado para dentro) e foi estruturada por meio de tesouras de grandes dimensões, vencendo vãos de até 8,20 metros. Já a planta é livre (com poucas divisões internas).

Toda a madeira da obra é de eucalipto tratado, inclusive as utilizadas nas estruturas das paredes em pau-a-pique. O madeiramento aparente deixa visível o formato original dos caules com partes das suas ramificações.

Deterioração e projeto de restauração

Com a ação do tempo, entretanto, o imóvel passou a apresentar sérios problemas estruturais. Recuperá-lo era uma difícil tarefa, já que sua técnica construtiva não tinha equivalentes na América Latina. Foram convocados técnicos do Instituto de Pesquisas tecnológicas da USP (IPT). Uma junta de especialistas debruçou-se sobre o delicado enigma arquitetônico de Mogi das Cruzes. Até um especialista da Unesco, Kunikazu Ueno, que ficou no Brasil 50 dias estudando a questão do restauro, chegou a propor a desmontagem total do edifício.

Em novembro de 1997 a Prefeitura fez a Concessão de Direito Real de Uso por período de 20 anos à Associação Casarão do Chá, conduzida pelo ceramista Akinori Nakatani, que assumiu a causa do restauro do Casarão. A entidade elaborou o projeto de restauro e passou a buscar recursos para executá-lo. Em 2005 os trabalhos tiveram início, pois o governo federal liberou os primeiros recursos para o trabalho. A Associação trouxe do Japão o mestre marceneiro Tetsuya Nakao, para executar os trabalhos com madeira. A verba para as duas primeiras etapas foram conquistadas junto ao governo federal, porém a Prefeitura entrou com contrapartida nas duas e, para a terceira, participou ativamente das negociações com o Governo do Estado, que viabilizou a liberação dos recursos finais. A restauração terminou no final do mês de abril de 2014.

ATENDIMENTO
  • Estrada do Chá, s/nº (Acesso pela Estrada do Nagao (Fujitaro Nagao), Km 3) - Cocuera
    CEP: 08820
    Mogi das Cruzes / SP
  • Domingos, das 9:00 às 17:00
  • cultura@pmmc.com.br
  • (11) 4792-2164